dimanche 14 septembre 2008

Bonjour, Tristesse


A conspiração noturna,
o advento da respiração
da brisa da madrugada,
um salutar reflexo
de continuidade
Implora a sua presença
que preenchia a falta
do tudo.
Da totalidade de tudo.

Sinto muito,
se as manhãs são nuas,
se tuas tardes são vazias
e o tédio agora, novamente
resvala nas quinas
dos teus móveis.
Se o volume da rádio-vitrola
faz as paredes purgarem
tua canção curtida.

Se antes havia
um tênue ressonar
ao lado de minha abstinência,
hoje os resquícios
de presença
são absorvidos
pelos meus pêlos que se eriçam
ao toque invisível do desespero.

Aquele inexplicável
suor de nossa vadiagem.
na presença noturna,
a atmosfera que envolvia a tudo.
Sinto saudades,
dessas noites.

E das manhãs
do telefone soando
o alarme baixo,
abrir os olhos
e ver os seus
e tudo ser...

A certeza do dia
frente à obscenidade
permitida.
O toque do espírito
na pele.
O contacto profundo
nas partes impuras.

Agora cravo os dentes
na ausência de tua carne.
Lambo o vazio
onde estariam tuas portas.
E o gosto amargo
da secura da falta de teus sumos
transborda em lágrimas
da mais pura incerteza.

Deita comigo
o silêncio
da invalidez
das possibilidades.
Deita comigo
a fraqueza que nos levou
e te conduziu
pro cataclismo.

Permanece comigo
a falta de teu sussurro,
do teu gemido,
do ressuscitar
das velhas
e inesperadas
paixões.
Pantomnésias
escorrem
porosidades da língua
que guardam o sabor
delicado
da tua saliva.

Impressa em mim
está ainda
cada emoção,
cada toque,
cada sensação
esculpida no fundo.

E as limalhas da alma
lá permanecem
espalhadas
no ambiente do quarto.

Guardo comigo,
numa colecção
de fragmentos,
a ansiedade
da volta.
Mas a desesperança
decompõe meu corpo,
leva minha noite...
e a insônia aponta-me
o indesejado Sol
nas retinas fotofóbicas.
calço os sapatos...
Tristeza, bom dia!
...

Aqui fico eu:
permaneço,
jazente,
adormecendo,
aos poucos,
na inexistência
da tua presença.

.

4 commentaires:

Anonyme a dit…
Ce commentaire a été supprimé par l'auteur.
Lilian Gouveia a dit…

a tristeza autêntica da perda, nem muito nem pouco, o ponto certo, que só sabe quem sente ou já sentiu uma ausência.

Anonyme a dit…

Muito bom, o livro do título.

Anonyme a dit…

...e como você me comove...